Resposta simples e objetiva: sim, mas se for feito de maneira correta!
Durante muito tempo, existiu no mercado um grande preconceito e resistência para projetos de e-learning, porém essa resistência não veio do nada… No passado, muitas empresas ganharam dinheiro (muito dinheiro) desenvolvendo produtos ruins e vendendo como ‘cursos on-line’. Algumas por falta de conhecimento na época e outras por oportunismo mesmo.
Essas empresas simplesmente pegavam o conteúdo bruto, copiavam e colavam os textos em telas quase que estáticas, implementavam um visual bonitinho, logo do cliente no cabeçalho, imagens ao lado do texto, programavam um “avançar e voltar” e vendiam como curso pronto. Sem nenhum trabalho criativo/pedagógico no material!
Os clientes que, inicialmente, compravam esses produtos, imediatamente percebiam que a efetividade era zero e, obviamente, passaram a ter uma resistência para projetos desse tipo.
Muito tempo se passou, as metodologias foram surgindo, a resistência inicial começou a ser superada, porém muitas empresas ainda desenvolvem projetos sem os devidos cuidados.
Hoje, independentemente se será criada uma solução como um curso on-line tradicional, ou utilizando tecnologias complexas como realidade virtual, ou até com ajuda de IA, existem algumas premissas básicas e imprescindíveis, como: a relevância do conteúdo, o direcionamento correto para o público alvo, a estrutura na qual a mídia será publicada e o objetivo final.
Sem querer ficar listando regras de gerenciamento de projetos (não é o caso deste artigo), mas todos da equipe que participarão de um projeto como este, precisam ter dois pensamentos iniciais: “minha etapa está de acordo com o briefing” e “estou alinhado com as etapas seguintes?”. Sobre o segundo ponto, quando todas as etapas de produção estão trabalhando em sintonia, quando um entende o que foi feito pelo outro, grandes são as chances do resultado final atender o objetivo do projeto, ao invés de cada etapa produzir sua parte isoladamente, sem saber o porquê de certas soluções que foram implementadas ao longo da produção.
Além de todas as etapas estarem alinhadas entre si, todas precisam ter uma mesma preocupação em relação à sua etapa: o produto final. Um projeto que tem um conteúdo rico e completo, porém não está falando a linguagem do público-alvo, não será efetivo… Também não vai adiantar estar completo, falando a linguagem do público-alvo, mas tecnicamente não vai funcionar na plataforma do cliente (como certas versões do servidor do cliente, que podem ter alguma limitação na qual não roda a solução proposta)… E se o projeto de identidade visual estiver lindo, porém não foi pensado responsivamente? E se todas as etapas foram trabalhadas corretamente, porém os tópicos explorados no conteúdo base não são os principais considerando a necessidade inicial? Muitos questionamentos podem parecer óbvios num primeiro olhar mas, na prática, alguns acabam sendo ignorados durante o seu desenvolvimento.
Vendo pelo lado da equipe de produção, muitas vezes ela esbarra em alguns fatores que dificultam o seu trabalho. Como, por exemplo, se o projeto foi mal vendido… Aqui podemos listar algumas situações, como: briefing superficial, cliente com expectativa diferente do que foi vendido e, um clássico, cronograma mal calculado. Quando a empresa ignora certas falhas, a equipe, desmotivada, acaba trabalhando quase que ‘roboticamente’ na produção… É o designer instrucional que distribui friamente o conteúdo no roteiro/storyboard, limitando-se apenas na organização das informações e revisão ortográfica… Ou o designer gráfico que, literalmente, acaba transpondo o conteúdo do storyboard nas telas seguindo apenas o seu layout, sem a preocupação se aquele conteúdo está entendível ou agradável visualmente… Ou um programador que programa os caminhos de um jogo sem ver e rever se a lógica está correta… Ou seja, cada integrante da equipe terá mais condições de ter uma entrega acertada, se o processo for seguindo dentro de um fluxo saudável.
Para que nossa entrega seja mais efetiva, etapa por etapa, é preciso ter sempre em mente duas preocupações enquanto trabalhamos: “quando o aluno visualizar essa parte, ele vai facilmente entender o que lhe é apresentado?” e “o aluno, quando for estudar essa parte, seu estudo vai fluir tranquilamente ou ele vai se cansar rapidamente?”. Indo mais longe, uma terceira preocupação, focando na excelência: “será que o aluno terá uma experiência extraordinária ao acessar essa parte?“
Mudando para o lado do mercado, ainda existem algumas empresas contratando mídias de tecnologias ultrapassadas (consequência de priorizar o menor preço) ou exigindo urgência nas entregas (em alguns momentos, sem necessidade), o que acaba influenciando a qualidade da entrega final, acabando deixando de lado o principal: os projetos desenvolvidos estão sendo relevantes para a empresa? As vendas estão aumentando em consequência de vendedores bem treinados e atualizados? Os atendimentos no Call Center estão cada vez mais assertivos e os chamados diminuíram? Todos os funcionários estão tendo atitudes mais éticas e respeitando as regras de Compliance? Ou seja, os treinamentos propostos estão cumprindo os seus papéis?
Concluindo a pergunta inicial positivamente, sim! Quando o cliente está aberto à novas ideias e a empresa que desenvolver um projeto de e-learning (independentemente da metodologia escolhida) considerar todos os pontos listados (briefing claro, cronograma justo, público-alvo, estrutura do cliente, resultados a serem alcançados…), teremos grandes chances de entregar um projeto de sucesso, superando as expectativas de todos e levando nosso mercado para outro patamar.
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