Adaptive Learning – O mesmo para todos?

O meu pai já passou dos 70 anos e, como todos da sua geração, ele não tem muita intimidade e paciência para novas soluções tecnológicas. Certo dia, ele estava numa batalha grande com sua operadora de celular porque, sem pedirem sua autorização, repentinamente cancelaram o envio do seu boleto pelo correio e passaram a enviar por e-mail. Como já estava acostumado com o jeito tradicional, ele não queria esse trabalho de ter que fazer o download da conta, imprimir e levar ao banco para pagar… Muito menos para copiar os números do código de barras do arquivo da conta, abrir o bankline, colar no campo de preenchimento dos números do boleto e realizar o pagamento pela internet! Até tentou, mas se enrolou todo!

A sua briga com a operadora era justamente para voltar a receber a conta pelo correio… Mas não adiantava! Por mais que ele falasse da sua dificuldade, a atendente robótica não parava de informar (no gerúndio) das facilidades da conta digital. Era uma discussão sem fim, ele falando que tinha dificuldade e a atendente ignorando sua angústia e repedindo as vantagens.

Por conta da minha geração, formação e área de atuação da profissão, minha rotina é exatamente o oposto da do meu pai… Hoje, eu recebo todas as minhas contas por e-mail e pago tudo pelo aplicativo do celular. Só de pensar no custo de impressão e do envio da conta em papel pelos Correios, sem contar a praticidade, já sigo essas tendências no automático. Mas será que essa evolução é útil para todos? Será que todos querem essa evolução? Todos estão preparados para serem atendidos no mesmo novo padrão?

Pegando essa situação do meu pai e levando para o nosso mercado de e-learning, me vem o conceito do adaptive learning (ou aprendizagem adaptativa). Será que todos os funcionários de uma organização têm as mesmas dificuldades? Será que eles têm o mesmo ritmo de aprendizagem? Todos têm o mesmo nível de conhecimento sobre determinado assunto? Pensando nisso, por que será que, no geral, nós definimos que o determinado tema XYZ, desenvolvido no formato ABC, é realmente o que 100% de todos da empresa conseguirão absorver, na sua totalidade e com a mesma facilidade?

Essa metodologia é bem ampla e existem diversas possibilidades, mas para esse post, podemos simplificar em uma possibilidade que começaria por uma avaliação inicial. Isso, uma avaliação no início abordando todos os assuntos que serão apresentados ao longo do curso. A partir daí, dependendo das questões que o aluno errou ou acertou, certos conceitos serão mais ou menos reforçados.

Falando à grosso modo, numa lógica de programação, se o aluno errou as questões 2, 4, 7, 11 e 14 da avaliação inicial, os assuntos em que o aluno errou são referentes aos temas B, E, G, J e M e, a partir daí, o conteúdo será organizado de acordo com o que ele errou ou acertou.

Enfim, por que não definir um curso on-line com essas diferenciações? Um conteúdo personalizado para as dificuldades de alunos A, B, C ou D. No mesmo curso, diferentes níveis acessando conteúdos direcionados, considerando suas dificuldades.

Ou, podemos seguir em uma outra abordagem: dependendo dos caminhos percorridos pelo aluno do curso, novos perfis podem ser identificados… Podemos identificar, por exemplo, se um determinado funcionário está em uma área completamente diferente das suas habilidades.

É uma solução mais trabalhosa do que um curso tradicional, pedagogicamente, o conteúdo precisa ser bem mais completo, abordando conhecimentos desde o mais básico até o mais avançado. Tecnicamente o programador precisa fazer as associações das respostas com os conteúdos referentes. A própria plataforma em que o curso será publicado, precisa entender que o registro dos passos do aluno não será linear, onde ele navegaria nas telas 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Agora, o registro será variado… 1, 3, 9, 11, 14 e 17.

Naturalmente, esse tipo de investimento também é mais complexo e mais caro do que um curso tradicional. Porém, é uma possibilidade muito mais efetiva, pois garante um maior aproveitamento em treinamentos, considerando diferentes perfis para um mesmo tema.

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Alexandre Collart

Atuou em projetos para clientes como White Martins, SulAmerica, Autotrac, TV Globo, Petrobras BR, Bob’s, Mongeral Aegon, Módulo Security, Universidade Candido Mendes, Telelistas, Brasil Brokers, Prudential, Wilson’s Sons, Souza Cruz, Honda Motos, Icatu Seguros, Furnas, TIM, Laboratórios Abbott, Sebrae/RJ, Fiocruz, Claro, entre outras. Aprendendo a cada projeto entregue, a cada metodologia utilizada e a cada acompanhamento com os clientes, resultando nos textos para este Blog.

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Um comentário a “Adaptive Learning – O mesmo para todos?”

  1. Maria Cilene Tomaz Marcolino da Silva diz:

    Perfeito! Isso é sem dúvida um treinamento personalizado, adaptado às dificuldades e habilidades de cada colaborador.

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