Saiu uma notícia essa semana sobre a gamer Camilla Garcia, vencedora do reality Looking for a Caster do SporTV, que buscava uma nova voz para narrar no Brasil um jogo chamado Rainbow Six Siege. Ela passou por todas as etapas e, ao chegar no final, no desempate contra um homem, o público a escolheu para ser a primeira mulher a narrar o game no Brasil e também a cobrir a final do campeonato brasileiro deste jogo na GameXP. A repercussão negativa foi tanta, que gerou a criação da campanha #PorqueÉMulher, lançada pelo próprio SporTV. “Espero que ela saiba que ganhou porque é mulher”; “Ganhou por essa frescurinha de poder feminino”; “Ganhou porque tiveram pena por ela ser mulher”, foram alguns dos comentários sobre a vitória de Milla Garcia no reality show.
Estou citando essa notícia, pois por mais problemas que o nosso mercado de e-learning tenha passado nos últimos anos, essa falta de respeito é algo que não faz parte do nosso universo.
Desde a minha época da faculdade de design, em meados dos anos 1990, que a diversidade era grande e naturalmente respeitada por todos. Curioso que o “estranho no ninho” era eu, visto que já trabalhava há um bom tempo e chegava nas aulas noturnas na faculdade todo engomado e de terno e gravata, pois ia das reuniões do trabalho direto para aula, ganhando o rótulo de “mauricinho” da turma. Mas nada que fosse considerado um bullying ou algo do gênero, apenas uma brincadeira inofensiva entre os amigos da turma e nada que me deixasse constrangido. Amigos estes, que até hoje esbarro no próprio mercado de e-learning.
Ver esse tipo de notícia em outros mercados me causa muito estranhamento, pois isso realmente não ocorre pelos lados do e-learning (pelo menos eu nunca presenciei), como homens que ganham mais que mulheres só por serem homens ou outras situações bizarras para os dias atuais.
Durante toda a minha trajetória profissional, eu trabalhei nas principais produtoras de e-learning no eixo Rio – São Paulo e posso afirmar, com toda a propriedade que me cabe, que a diversidade era respeitada em TODAS as empresas que passei. Já trabalhei (tanto gerenciando quanto sendo gerenciado) com gays, héteros, brancos, negros, gordos, magros, altos, baixos, homens, mulheres, novo, velho etc. A única questão levada em consideração era o TRABALHO REALIZADO.
Se fosse no momento da contratação, o portfólio era muito mais importante do que qualquer outro aspecto… No caso de uma promoção, o que era considerado para negociar um aumento para o profissional era o dia a dia (produtividade, criatividade, qualidade, comprometimento…). Tenho essa certeza, pois eu mesmo já me vi em momentos em que tive que entrevistar para contratar, sentar para conversar para negociar aumentos, até mesmo chegar ao ponto de demitir. Em nenhum dos casos os critérios de cor, gênero, opção sexual, religião ou qualquer outra característica foi levada em consideração, por mim ou meus gestores!
Também não estou aqui simplesmente levantando uma bandeira politicamente correta para o mercado sem ter nenhum embasamento. Afirmo tudo isso, pois nosso mercado, mesmo sendo extremamente criativo, também tem critérios bem objetivos, por exemplo, um designer que produz 20 telas em um dia com erro zero e outro ao lado que produz 12 diariamente e com muitos erros. Ou um designer instrucional que elabora um storyboard com soluções bastante inovadoras para um conteúdo ou outro que apenas reorganiza o conteúdo num formato de roteiro. Resumindo e concluindo, muitas vezes o cliente final não conhece grande parte da equipe interna que montou o projeto entregue. A reação do cliente para o projeto já é um grande indicador sobre o trabalho realizado.
Aqui nem estou falando particularmente em meu nome, estou me referindo ao mercado de e-learning como um todo. Também não apresento uma solução técnica para um problema relacionado a algum projeto, mas num momento de tanta intolerância que estamos vivendo, importante deixar registrado aqui sobre o respeito no nosso mercado. E viva a diversidade!
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