Certa vez, participei do desenvolvimento de um projeto para programa de formação on-line de funcionários de uma grande rede nacional de fast food. O projeto consistia em um pacote de cursos on-line + plataforma LMS, no qual os funcionários teriam que seguir uma trilha de aprendizagem, caso quisessem ter um crescimento dentro da empresa.
Inicialmente, o objetivo do programa era diminuir o turn over, que era muito grande na empresa (70% ao ano). Porém, durante a análise para o planejamento do projeto, identificamos que o problema não era por conta de algo errado que o cliente estava fazendo. O problema era cultural, visto que muitos dos seus funcionários começavam a trabalhar nessa empresa como primeiro emprego e, poucos meses depois, saíam para outras empresas de diferentes setores para ganhar um pouco mais (como empresas de call center, por exemplo).
Por conta dessa questão, resolvemos mudar o foco no meio do caminho e, ao invés de tentar insistir em diminuir o turn over, resolvemos focar em “identificar e reter talentos”. Tanto que o nome do projeto passou a ser: “Academia on-line de talentos”.
Tivemos um forte apoio da área de marketing da empresa na divulgação interna do projeto que fez um grande trabalho de endomarketing no qual, além de outras iniciativas, coletou depoimentos de funcionários que começaram na empresa como simples atendentes de balcão, tiveram um crescimento na empresa e hoje são gerentes.
O projeto em si, além dos conteúdos dos cursos on-line, focava nas avaliações e no dia a dia de professores/tutores, que atendiam turmas de até X alunos/mês. As atividades avaliativas eram divididas em três tipos de avaliações:
- Avaliação objetiva: múltipla-escolha e/ou verdadeiro e falso, com banco de questões randômicas e nota automática;
- Tarefas: o professor sugeria um tema e os alunos precisavam desenvolver um texto sobre o assunto, no qual precisavam enviar na plataforma em arquivo Word com X laudas com fonte tamanho Y e espaçamento Z em entrelinhas (nesse momento, a primeira tarefa do tutor de imediato era fazer uma pesquisa no “google” e outras ferramentas para verificar se aquele texto tinha sido copiado ou não de algum site), texto que seria corrigido e receberia uma nota pelo professor;
- Fórum de debates: o professor tutor sugeria um tema e os alunos debateriam entre si. Todas as respostas dos alunos eram visualizadas e comentadas por todos e as notas eram dadas pela participação no debate.
Além das avaliações, o tutor também tinham um papel ativo em dúvidas dos alunos ao longo dos cursos.
Esse foi um projeto que teve um imenso engajamento justamente pela ativa participação do professor/tutor. Num primeiro momento, o custo dessa possibilidade poderia até parecer um pouco alto dependendo da quantidade de alunos, pois (normalmente) o professor ganha ‘por aluno’, porém o projeto economizava consideravelmente em outras etapas que poderiam ser até mais caras (soluções mais pirotécnicas para os conteúdos, por exemplo).
Nesse caso em especial, o cliente abriu mão de um investimento em novas técnicas e soluções mirabolantes e focou no simples, investindo na interação on-line entre professor X aluno. Concluindo, esse projeto não tinha nenhuma grande metodologia ou diferencial tecnológico, porém as soluções SIMPLES utilizadas foram extremamente efetivas e gerando excelentes resultados.
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