No mercado corporativo de e-learning existem algumas métricas utilizadas para estimar o tamanho de um curso on-line em horas e/ou telas. Como falei, são métricas estimadas, mas são constantemente consideradas para o cálculo de uma proposta para o cliente ou para planejar o cronograma da produção de um curso.
Por exemplo:
– uma lauda = 3 a 4 telas de curso on-line
– um slide PPT = 1 a 1,5 tela de curso on-line
– uma tela de curso on-line = 1 a 2 minutos de leitura
Isto é, se o material bruto para um curso é uma apostila de 20 laudas, por exemplo, será então desenvolvido um curso on-line estimado em 70 telas e com uma duração de 1 hora e meia.
Passando para o lado acadêmico, pegando o exemplo de uma aula de pós-graduação on-line com disciplinas de até 60 horas de duração. Nesse caso, o que essas 60 horas significam? 60 horas de “leitura” de conteúdo ou estamos falando que o aluno precisa de 60 horas de dedicação aos estudos para garantir o seu aprendizado? Isso precisa ser muito bem definido e considerado no momento em que o conteúdo bruto for produzido para o formato on-line.
Dito isso, que tipo de conteúdo você vai disponibilizar para o aluno? Um curso on-line tradicional com navegação linear (avançar e voltar) dividido em centenas de telas com texto/imagem? Com isso você garante o aprendizado desse aluno? Tem certeza?
Por outro lado, como grande parte do mercado atual no Brasil ainda tem pouca verba para investir em soluções mais criativas, como um curso gamificado, adaptive learning ou outras soluções mais inovadoras, é preciso pensar em como efetivamente podemos garantir o aprendizado a partir de um conteúdo on-line e dentro de uma realidade financeira da área de produção.
Um caminho para esse desafio é trabalhar diretamente no “conteúdo”, ou seja a forma em como esse conteúdo será apresentado didaticamente.
Para começar, uma divisão estrutural clara desse conteúdo: Unidades, Capítulos, Aulas… Uma divisão bem estruturada e organizada em aulas relativamente curtas já garante uma melhor organização do aluno na divisão do seu tempo para dedicação dos seus estudos. Para isso, divida seu conteúdo em aulas entre 2 a 4 horas, sendo que cada aula vai ser embasada em um conteúdo bruto de 3 a 5 laudas.
Considerar um material complementar também é muito importante! Além do conteúdo principal que será apresentado e distribuído nas telas, que tal indicar outros materiais de leitura que complementariam aquele assunto? Como o bom e velho “Saiba mais” apresentado nas telas. Dicas realmente úteis também são bem vindas!
Cases também são interessantes, pois tiram o conteúdo do ‘teórico’ e o remetem diretamente para o mundo real. Mas, somando aos cases, que tal uma provocação na sequência? “Após conhecer a situação apresentada, seus desafios e soluções, reflita como essa situação afetaria a sua realidade atual?”.
Complementando com outros tipos de conteúdos, como referências bibliográficas, links para leitura complementar e aprofundamento, perguntas frequentes, glossário, situações, exemplos (muitos exemplos!), notícias e artigos (esses com as devidas referências) etc.
Sempre que possível, sugira um exercício de fixação ao final de cada aula, separando em torno de cinco a sete questões objetivas (múltipla-escola, VeF ou relacione colunas) sobre o conteúdo que foi estudado naquele momento. Outros tipos de questões podem servir também para provocar a reflexão do aluno, apresentando uma situação e questionando posteriormente para sua reflexão (o que você achou da decisão de fulano? …ou, e se a ação x não tivesse acontecido? etc). Exercícios esses que podem se juntar e se transformar em uma avaliação randômica ao final do curso.
Enfim, existem dezenas de possibilidades de se trabalhar diretamente no conteúdo do curso, porém é de extrema importância que essa organização seja “pensada”, não simplesmente sair jogando de qualquer jeito “dicas” e “exemplos” em qualquer ponto dentro do curso. Tudo precisa ser bem planejado e organizado. Com um conteúdo bem estruturado, é possível sim garantir um aprendizado efetivo do aluno para o seu curso.
Agradecimento especial para Paulo Milet sobre a ideia para o post e suas e orientações.
Deixe um comentário