Mãe trabalhando com filha no colo

Como medir produtividade na quarentena

Diante de toda essa pandemia causada pelo coronavírus, muitas empresas têm se questionado sobre a efetividade de se trabalhar na modalidade home office. Vejo que existe uma certa resistência, pois muitos acreditam que o funcionário não vai render em casa da mesma maneira que renderia na empresa, longe do nosso olhar e do nosso “controle”.

Antes da pandemia, no mercado de tecnologia já existiam situações de trabalho à distância, pois é normal contar com profissionais freelancers, contratados para participar temporariamente de projetos maiores do que a capacidade de produção da empresa ou muito específicos, na qual a expertise deste profissional não justifica estar contratado como funcionário da empresa (um programador de uma linguagem rara, por exemplo). 

É normal que esses profissionais trabalhem a distância e, para empresa contratante, é indiferente se ele trabalha de noite, de dia, de casa, de uma cafeteria ou qualquer que seja o seu momento ou condições de trabalho. Inclusive, existem portais na internet, na qual podemos contratar e terceirizar parte de projetos para profissionais à distância de qualquer lugar do mundo. O que se espera, ao final, é que este profissional terceirizado entregue o trabalho correto e dentro do prazo combinado. Assim, simples e direto!

Voltando ao presencial, sendo bem objetivo, não temos como garantir que um funcionário realmente esteja produzindo durante 100% do seu tempo em que esteja na empresa. Historicamente, sempre surgiram distrações tecnológicas que faziam que o funcionário perdesse o foco no trabalho. Quem se lembra do “I-OUUUU!”, barulhinho característico do ICQ, percursor dos programas on-line de comunicação instantânea, que surgiu no final dos anos 1990. Barulhinho que, quando muito frequente, já deixava os gerentes de projetos bastante irritados. A medida que o tempo foi passando, as ferramentas foram mudando, mas a irritação era a mesma. Orkut, Mirc, Messenger, Facebook etc. Já trabalhei em empresas que acessos às redes sociais eram bloqueadas nos seus servidores, justamente para não atrapalhar a “produtividade”.

Indo mais longe ainda, até na década anterior,1980, por exemplo, quando um funcionário ficava muito tempo ao telefone, os gerentes também já ficavam se incomodando de olhando de cara feia! 

Enfim, o fato é que a produtividade, no final das contas, será sempre questionada, seja dentro da empresa ou em home office.

Mudando totalmente de perspectiva, no início dos anos 2000, surgiu a época da empresa COOL. Eram aquelas empresas que tinham horários flexíveis e faziam com que o seu ambiente de trabalho o mais “legal” possível. Tinha mesa de ping pong, videogames, puffs espalhados pelos cantos, cervejas na geladeira, entre dezenas de outros atrativos para que o funcionário se sentisse totalmente à vontade lá dentro. Porém, após um tempo, esse tipo de estrutura foi bem criticada, pois acabava que o funcionário ficava muito mais tempo na empresa. Era tão legal, mas tão legal, que os funcionários, sem perceber, passaram a trabalhar muito mais do que o esperado. 

Os funcionários trabalhavam acima do aceitável, porém as empresas não pagavam hora-extra, já que os horários eram livres e flexíveis! Ou seja, esses funcionários estavam sendo explorados sem perceber. E pior! Estavam felizes por estar lá! Essa situação batia de frente direto com em questões trabalhistas, já que o funcionário ganhava determinado salário para trabalhar 8 horas por dia, então por que (sem perceber) ele está produzindo o resultado de 11 horas/dia? 

Pegando por esse exemplo, no home office também existe esse risco, de o funcionário, sem perceber, trabalhar mais do que o normal, já que não existe aquele momento de “quebra” do final do expediente. Se ele não se organizar e tiver uma disciplina saudável, quando perceber, já deu 21:30h e ele ainda está no computador trabalhando. 

Com isso, sempre vão existir os dois lados! Da falta de produtividade e da produtividade em excesso.

O fato é que essa pandemia está “forçando” um tipo de estrutura de trabalho, que já seria uma tendência natural no mercado. Horários flexíveis, home office, ganhos variáveis por produtividade… Tudo isso, já era realidade em algumas empresas antes do coronavírus. 

Não importa se o funcionário está em casa sem fazer nada o dia inteiro e trabalha de madrugada. Na data de entrega ele entregou exatamente o que foi pedido? Estava correto? Sem erros? Se ele tinha que entregar XYZ e o resultado foi exatamente XYZ! Se era para entregar 50 telas naquela semana e foram entregues exatamente 50 telas corretas, então… 

Como será esse novo momento? Será que as empresas vão realmente migrar para uma nova realidade? E quando isso tudo passar, mesmo após a pandemia, voltaremos ao presencial ou teremos um novo normal?

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Alexandre Collart

Atuou em projetos para clientes como White Martins, SulAmerica, Autotrac, TV Globo, Petrobras BR, Bob’s, Mongeral Aegon, Módulo Security, Universidade Candido Mendes, Telelistas, Brasil Brokers, Prudential, Wilson’s Sons, Souza Cruz, Honda Motos, Icatu Seguros, Furnas, TIM, Laboratórios Abbott, Sebrae/RJ, Fiocruz, Claro, entre outras. Aprendendo a cada projeto entregue, a cada metodologia utilizada e a cada acompanhamento com os clientes, resultando nos textos para este Blog.

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