Há alguns anos, recebemos um desafio interessante, o de treinar “caminhoneiros” sobre o uso do computador de bordo instalado na cabine do seu caminhão, sendo que parte destes caminhoneiros eram analfabetos funcionais.
O cliente em questão era uma empresa que comercializa uma tecnologia de rastreamento de caminhões. Eles instalam sensores no caminhão inteiro que são monitorados pela central: sensor de velocidade, de porta de carona, de porta do baú, além do acompanhamento da trajetória do caminhão via satélite. Após toda a instalação dos sensores e da antena no caminhão, o caminhoneiro recebe um computador de bordo, no qual ele precisa informar à central todos os seus movimentos: parada para almoço, descanso etc.
Além dos movimentos informados pelo caminhoneiro, a central também monitora tudo o que acontece na viagem. Por exemplo, se o caminhão estava sempre se movimentando a 80km/h e, de repente, o sensor envia à central a informação de que ele passou para 120km/h, isso já é um indicativo de que ele poderia ter sido roubado ou de que estava sendo perseguido.
O desafio ali era como treinar os milhares de caminhoneiros a utilizar o computador de bordo, sendo que estamos falando de um público alvo bem específico e, muitos deles, com grandes dificuldades no uso de tecnologias. Para esse projeto, a solução proposta foi um curso on-line animado a partir do storytelling.
Para tornar o curso mais lúdico, foram criados dois personagens: o Zé Estradeiro e o Mané Presepeiro, dos quais o curso ia sendo apresentado a partir da rotina dos dois.
O Zé Estradeiro, por saber utilizar o computador de bordo e mostrar um comprometimento com o seu uso, seguia a rotina da sua viagem normalmente com a maior tranquilidade. Quando ia parar para almoçar, ele informava o comando correto no computador de bordo; se ia parar para dormir, já sabia qual era o comando que informava essa ação para central; se parte da estrada estava interrompida, já informava corretamente que teria que alterar a rota e assim por diante!
Já o Mané Presepeito, além de não saber os comandos, também não achava importante a comunicação com a central. Nisso, sempre que fazia uma simples parada para almoçar ou descansar, ele ignorava os comandos. Como consequência, além de ser repreendido posteriormente, acabava sempre abordado pela polícia rodoviária, pois a central interpretava como um roubo do caminhão, já que ele não informava nada.
Como muitos caminhoneiros tinham dificuldades, criamos um primeiro capítulo bem didático, ensinando detalhadamente a navegar no curso.
Para ministrar o curso, foram criadas salas de estudo nos Pontos de Parada e Descanso (PPD). Nessas salas tinham alguns computadores com o curso instalado e um colaborador que ficava a disposição do caminhoneiro, caso ele tivesse dúvidas e dificuldades no acesso ao curso.
Esse projeto foi um grande case de sucesso para o cliente, reduzindo drasticamente falsas ocorrências e, consequentemente, seus custos indiretos.
Com o sucesso do curso, um segundo foi encomendado por esse cliente, porém para um outro público alvo: o operador que ficava na central. Mas nesse caso é uma outra linguagem, uma outra abordagem e, posteriormente, um outro post para o Blog.
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