A televisão no quarto dos meus filhos tem acesso ao YouTube, mas como queremos que eles tenham um acesso saudável, estamos sempre restringindo horários e determinados programas. Para isso, estamos sempre acompanhando tudo o que eles estão assistindo.
Num final de semana desses de chuva, o que fatalmente dá mais chances para esse tipo de atividade, eles estavam em casa vendo vídeos no YouTube com os amiguinhos do prédio… De repente, paramos de ouvir a voz deles (para quem tem filhos, o silêncio é algo tenso, pois geralmente algo deu errado). Ao chegar no quarto para ver o que ocorria, vi que todos estavam olhando fixamente para televisão, acompanhando seriamente o vídeo que passava. Parei para ver o que era e entendi o motivo para estarem tão compenetrados… Era um vídeo bem tosco, mas com um narrador que contava uma história de um mistério e, ao longo da narrativa, pistas eram apresentadas e os espectadores tinham que desvendar o mistério ao final do episódio. Após o momento de silêncio para entender as pistas, começou um segundo movimento que foi a interação entre eles para debater o que ocorria… Estavam tão ligados em desvendar o mistério, que foi difícil tirá-los da frente da TV na hora do almoço (quando estão vendo desenhos é relativamente fácil tirá-los de lá).
Na mesma hora, eu parei para tentar entender o que ocorria ali. Num desenho animado, as crianças ficam apenas recebendo uma carga de informações e nada mais do que isso. É uma via de mão única! Já num programa como esse, as crianças tinham um objetivo final, o que as fazia interagir entre elas a todo momento sobre as pistas coletadas para descobrir o culpado. Eles estavam debatendo entre si, discutindo, ligando os pontos a partir das pistas apresentadas, entendendo juntos os movimentos de cada personagem até chegar no culpado. Esse tipo de interação é muito mais interessante do que simplesmente ficar absorvendo os desenhos, um após o outro.
Se você tem filhos (ou sobrinhos, ou filhos de amigos), tente fazer uma experiência com eles… Veja o que é mais fácil, tirar da frente da TV quando estão vendo um desenho ou quando estão realizando uma atividade interativa entre eles.
Levando isso para o nosso mercado de e-learning, qual a ligação que fazemos com a experiência dos meus filhos? Ali eles não estavam apenas recebendo informações, eles estavam interagindo entre eles a partir das pistas que eles recebiam. Isso torna um aprendizado muito mais interessante! Quando montamos um projeto de e-learning, normalmente organizamos pedagogicamente o conteúdo, apresentamos em uma nova linguagem visual e botamos na internet para que o usuário absorva da melhor maneira aquele conteúdo. Geralmente paramos aí! Não existe uma provocação para esse usuário ou um objetivo a ser alcançado.
Tente explorar sempre essa possibilidade quando for elaborar um curso on-line, desde uma simples dica quando apresentar um conceito, como “após ler esse conceito, experimente fazer isso no dia a dia da sua empresa”, ou até algo mais complexo, como um curso on-line com uma dinâmica gamificada, por exemplo. Depois, acompanhe os resultados dessas experiências.
Pensando em termos práticos, imagina um curso sobre “normas de segurança do trabalho” ou então sobre “código de conduta da empresa”… Existem temas com conteúdos difíceis, que são oportunidades perfeitas para curso gamificado.
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