Curso

Curso pronto! Agora podemos vender?

Essa é uma pergunta que eu ouço com bastante frequência… Cliente nos contrata para desenvolver um curso on-line de prateleira e, no dia seguinte, já quer botar no ar para vender. Mas botar no ar onde? Como? Assim, do nada, sem planejamento algum?

Já falamos aqui no Blog sobre os cursos de prateleira, que não é tão simples assim produzir e já sair vendendo… Existem pontos importantes a serem levados em consideração na sua concepção, como público alvo, metodologia, relevância etc (Curso on-line X brigadeiro gourmet).

Existe outro ponto tão importante quanto o curso propriamente dito, que é justamente em qual plataforma que esse curso será comercializado e ministrado. Estamos falando aqui sobre o processo de implantação de um LMS (Learning Management System‎) ou Sistema de Gestão da Aprendizagem, ferramenta que disponibiliza uma série de recursos, síncronos e assíncronos, que dão suporte ao processo de aprendizagem, permitindo seu planejamento, implementação, avaliação e comercialização (ao acrescentar uma ferramenta de e-commerce).

Até existem alguns sites na internet que oferecem esse serviço e vendem o curso on-line sem que você tenha trabalho algum. Mas é algo mais genérico, vai anunciar o seu curso, mas ao mesmo tempo a plataforma vai anunciar cursos que vão de gastronomia até como tocar bateria. É uma solução mais para pessoas físicas que possuem um determinado conhecimento e querem ter algum retorno financeiro com isso. Mas, se estamos falando do mercado corporativo e de algo mais robusto, o caminho não deve ser por esse lado (pelo menos não deveria, na minha opinião). É preciso de um projeto maior.

Não vamos falar aqui sobre definições e vantagens do LMS, vamos um pouco mais longe e falar em ordem prática, pois existe uma série de atribuições que precisam ser definidas para que o projeto seja implementado de forma “saudável”.

Algumas perguntas precisam ser respondidas e definidas. Vamos a algumas delas:

1) Para começar: domínio, provedor, servidor etc. Onde essa plataforma será hospedada? Qual o link de domínio? O atual servidor de hospedagem suporta as especificações da plataforma? Já está definida a empresa de pagamento eletrônico (para caso de vendas no varejo)? Para o mercado corporativo, o atual servidor web suporta o LMS? Precisa de alguma configuração ou customização?

2) Canal de Suporte/atendimento – isso é um ponto importantíssimo. O consumidor brasileiro não tem o costume de “ler instruções”. Por mais que tudo esteja claro, explicado e detalhado, muitos alunos vão entrar em contato para perguntar algo que já está apresentado para ele. Sem contar, também, dúvidas e situações que não temos como prever. Muitas vezes o aluno tem dificuldades com conexão, impressão de certificados, tela que travou no meio da avaliação etc. É preciso ter uma pessoa (ou equipe) alocada, pelo menos em horário comercial, exclusiva para esse tipo de atendimento.  Isso é algo que, dependendo da quantidade de alunos, acontece constantemente.

3) O curso terá algum acompanhamento de tutoria? Dúvidas referentes ao conteúdo, correção de exercícios subjetivos no fórum de debates, dinâmicas via CHAT… Ou será totalmente on-line sem acompanhamento? Se não tiver nenhum acompanhamento e o aluno terá que se virar sozinho, é preciso que tudo esteja muito bem especificado e explicado no site comercial, antes que ele compre o curso. Carga horária, metodologia, como funcionam as avaliações, notas, certificados etc (página com perguntas frequentes – FAQ – é interessante, mas também ninguém lê. Porém, é legal ter).

4) Tutor – caso tenha tutor, como será seu pagamento? Por aluno? Por turma? Como seus atendimentos serão controlados/pagos?

5) Ementa dos cursos que serão disponibilizados no site comercial (objetivos, público-alvo, justificativas, valor, formas de pagamento, carga horária…)

6) Informações para Certificado de conclusão (texto, logotipo, assinatura digital do responsável pela instituição…)

7) Relatórios – tenho percebido, em muitos projetos, que os relatórios são utilizados apenas para bater metas com a diretoria (no caso de projetos corporativos): “Tivemos 1.500 alunos cadastrados no curso esse mês”. Entretanto, esses relatórios são uma excelente ferramenta para medir os indicadores do seu curso. Se você perceber pelos relatórios que 70% dos alunos não concluíram o curso, é sinal de que o seu conteúdo está com problema e precisa ser revisto, por exemplo. Precisamos definir previamente quais serão esses relatórios.

8) Integrações – está prevista alguma integração entre sistemas? O LMS com sistema de RH, CRM, ERP… Essa parte deveria ter um post à parte, pois é bastante delicado e custoso. Várias conversas e testes entre os TIs serão necessárias.

9) Como estamos falando de implementação de um sistema, é preciso testar! Testar previamente todas as possibilidades, para que não surja nenhum erro no momento em que os alunos começarem a acessar o curso na plataforma. Se possível, realize testes com diferentes combinações, pois algo pode dar errado a partir de uma determinada situação X e não em outras.

10) É interessante estruturar um grupo de trabalho para o dia a dia e a clara divisão de papeis nesse tipo de projeto. Já adiantando, não vai dar certo deixar tudo na mão de apenas uma pessoa do perfil “faz tudo” para um projeto como esse. Erros são contornáveis com 5 ou 6 alunos, mas quando aumentar para 500 ou 600 alunos, será muito mais complicado administrar erros recorrentes.

Enfim, essas e muitas outras questões precisam ser definidas previamente, para que você não tenha dor de cabeça depois que o projeto estiver no ar, situações começarem a aparecer e você começar a ser bombardeado por clientes/usuários questionando sobre pontos que ficaram em aberto ou não estão funcionando, mas que poderiam ser evitados com o projeto bem organizado inicialmente.

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Alexandre Collart

Atuou em projetos para clientes como White Martins, SulAmerica, Autotrac, TV Globo, Petrobras BR, Bob’s, Mongeral Aegon, Módulo Security, Universidade Candido Mendes, Telelistas, Brasil Brokers, Prudential, Wilson’s Sons, Souza Cruz, Honda Motos, Icatu Seguros, Furnas, TIM, Laboratórios Abbott, Sebrae/RJ, Fiocruz, Claro, entre outras. Aprendendo a cada projeto entregue, a cada metodologia utilizada e a cada acompanhamento com os clientes, resultando nos textos para este Blog.

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