Video

E gravar um vídeo, pode?

É curioso perceber que, em muitas reuniões que participo para pegar o briefing de novos projetos, várias vezes o cliente sugere produzir um vídeo como solução para sua demanda original. Entretanto, são pouquíssimos os projetos em que esse tipo de mídia é efetivamente produzida (pelo menos nos projetos que participo).

Na última vez que essa situação ocorreu, eu fiquei me questionando o porquê dessa mídia que tantos pedem, mas quase nunca é considerada no final. Ocorreu-me então algumas respostas para esse questionamento:

1. Atualização – um vídeo é recomendado para conteúdos “atemporais”, ou seja, que terão vida longa e não serão atualizados. Nesse caso ele não será atualizado, ele terá que ser refeito. Por exemplo, se você vai desenvolver um curso on-line para ambientação de novos funcionários, surge à ideia de gravar um vídeo de abertura com uma mensagem do presidente da empresa e, no meio do texto, ele contabiliza: “Nossa empresa é composta por uma matriz e mais sete filiais em todo país, com um total de 3.000 colaboradores”.  Mas, e se no ano seguinte as filiais aumentarem de sete para oito e os colaboradores passarem para 3.500? Esse vídeo já não poderá ser mais utilizado. E agora? Teremos que falar com o presidente para ele gravar o vídeo novamente, já que os números mudaram?

2. Processos de revisão mais rígidos – em um curso on-line mais tradicional, se parte do roteiro estiver errado e o erro passou despercebido na revisão antes da produção, isso até pode ser consertado depois do curso produzido (apesar de também causar um certo desgaste durante a produção). Mas no caso do vídeo isso NUNCA pode acontecer! Se o roteiro está errado, o vídeo será gravado com o erro e, quando o ocorrido for percebido, esse vídeo terá que ser jogado fora e terá que ser gravado todo novamente. 

3. Custo de produção alto – dependendo do nível de complexidade do vídeo, são muitos os envolvidos e os detalhes para sua produção. Por exemplo: roteiro, filmagem, edição, câmeras (lateral e frontal), microfone, iluminação, rebatedor, teleprompter etc. Se for um vídeo em chroma key então, que transformará a cor de fundo para transparente, já complica mais pois não pode ser filmado em qualquer lugar. Somando tudo, a diária dessa estrutura encarece a produção do curso como um todo.

Por outro lado, vendo pelo lado positivo, um vídeo pode ser uma solução bem legal e efetiva para um projeto à distância. Vamos a algumas possibilidades:

. Parte de um curso – Como citei o exemplo acima de uma ambientação para novos funcionários, no qual o curso on-line inicia com um vídeo de boas-vindas com o próprio presidente da empresa apresentando o curso. Esse tipo de solução é bem legal, pois humaniza o curso e aproxima de imediato o novo funcionário com a empresa. São dezenas de possibilidades de aproveitar pequenos vídeos dentro de um curso on-line. Vídeo de apresentação, cases, instruções, depoimentos etc. Não precisa ser o curso inteiro em vídeo, pois fica pesado e cansativo. Pode ser um curso on-line tradicional, com pequenas partes em vídeo.

. Catálogo – Numa época em que ferramentas como Netflix, HBO Go e Amazon Prime estão em alta, muitas empresas criam canais on-line com vídeos de treinamento. São pequenos vídeos de curtíssima duração, disponibilizados como um catálogo com diversos objetos de aprendizagem dos mais diversos temas e assuntos.

. Vídeos com tomada de decisão – vi uma vez um projeto desenvolvido por uma empresa de e-learning da Inglaterra, que achei sensacional: era um jogo de tomada de decisão em formato de vídeo. O jogo era para área administrativa de um shopping, onde mostravam várias situações do dia a dia desse shopping e, para cada situação, os alunos tinham diferentes opções de respostas. Cada alternativa escolhida surgia um novo vídeo com a consequência daquela escolha. Uma opção com a alternativa correta e as restantes com consequências desastrosas para aquela situação. 
Por exemplo: os seguranças do shopping percebem que uma mochila foi deixada num banco no meio do shopping durante horas sem o dono voltar para buscá-la (numa época sensível naquele país com muitas notícias de ataques terroristas, aquela mochila representava uma situação delicada).
Pergunta: O que fazer?
a) Seguranças pegam a mochila e abrem para ver o que tem dentro?
b) Seguranças isolam a área, mandam todos saírem do shopping e chamam o esquadrão antibomba da polícia?
c) Seguranças informam no autofalante do shopping sobre a mochila esquecida e aguardam o dono aparecer?
E a cada resposta escolhida, o vídeo com a consequência era apresentado na tela. Eram dezenas de situações do dia a dia do shopping apresentadas nesse jogo. Tecnicamente nem é muito complexo produzir um projeto como este, basta filmar todas as possibilidades das situações: a situação em si, a consequência da alternativa A, a consequência da alternativa B e a consequência da alternativa C. Em um curso com 5 situações, temos o total de 20 pequenos vídeos gravados. Depois é só programar o encadeamento das situações com suas consequências. O resultado final é muito legal, porém o custo é bem alto para nossa realidade no mercado brasileiro.

Concluindo, apesar do custo e das dificuldades de atualização, uma solução em vídeo pode ser bastante interessante dependendo da sua necessidade. Ainda mais hoje em dia, que é possível gravar vídeos do próprio celular… Mas cuidado! Não é para sair publicando qualquer coisa gravada assim. Luz, fundo, qualidade do som, ruídos… Muitos cuidados são necessários, mas não é impossível!

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Alexandre Collart

Atuou em projetos para clientes como White Martins, SulAmerica, Autotrac, TV Globo, Petrobras BR, Bob’s, Mongeral Aegon, Módulo Security, Universidade Candido Mendes, Telelistas, Brasil Brokers, Prudential, Wilson’s Sons, Souza Cruz, Honda Motos, Icatu Seguros, Furnas, TIM, Laboratórios Abbott, Sebrae/RJ, Fiocruz, Claro, entre outras. Aprendendo a cada projeto entregue, a cada metodologia utilizada e a cada acompanhamento com os clientes, resultando nos textos para este Blog.

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