Há uns anos atrás, fomos procurados pelo RH de uma grande seguradora brasileira, com a necessidade de agilizar o seu processo de contratação de trainees. O contato foi para ajudarmos a realizar dinamicamente uma primeira triagem nos milhares de currículos que receberiam durante todo o processo seletivo.
Na reunião de briefing com o cliente e nossa equipe criativa, surgiu a ideia de um processo seletivo gamificado, no qual o candidato se inscreveria no site do cliente, preencheria com seus dados cadastrais e, após anexar o currículo, participaria de um jogo on-line, semelhante a uma dinâmica de grupo.
O funcionamento do jogo era bem simples e intuitivo: assim que o candidato acessava o jogo, ele entrava em um cenário ambientado em uma sala de reuniões, com alguns personagens distribuídos em torno da grande mesa oval no meio da sala. Um primeiro personagem, que representava o mediador da dinâmica, ficava em pé dentre os outros personagens sentados, que representavam os candidatos.
O mediador se apresentava, explicava como seria a dinâmica do processo e começava uma série de 40 perguntas, das quais o candidato tinha alguns poucos minutos para responder cada uma. O interessante desse jogo é que, cada um dos outros cinco personagens que representavam diferentes candidatos, funcionavam como uma opção de resposta, como se fosse um exercício de múltipla-escolha.
Eram três tipos de perguntas: sobre a empresa, sobre o mercado de seguros e algumas perguntas mais subjetivas e comportamentais. Esta última servia como uma tentativa do RH para determinar o perfil do candidato (líder, criativo, reativo etc) e os pesos para as notas, que eram diferentes dependendo do tipo de perguntas/respostas. Não existiam respostas certas ou erradas. Eram respostas que tinham o peso de 1 até 5.
Após a pergunta feita pelo mediador, o candidato escolhia a resposta dada pelo personagem de acordo com o seu conhecimento e personalidade.
Tecnicamente, não era difícil desenvolver um jogo como esse… Era alocar um ilustrador para desenhar o cenário e personagens, um animador para animar os movimentos e interações, uma equipe de locução para gravar os áudios da fala do mediador e um programador para programar o jogo em si e o encadeamento das respostas, com os seus diferentes pesos e notas. Nada novo e complicado aqui! O maior desafio nesse tipo de projeto era outro, era elaborar, juntamente ao RH do cliente, todas as perguntas, todas as opções de respostas e definir os diferentes pesos para determinadas perguntas e respostas. Essa etapa foi extremamente trabalhosa e foi preciso um trabalho “a quatro mãos”, pois precisávamos da ajuda do próprio cliente para elaborar perguntas que fossem totalmente direcionadas à sua realidade e que fossem realmente importantes para realizar uma triagem efetiva.
Como o processo normal de avaliação de um profissional de RH é extremamente subjetivo e envolvem dezenas de técnicas e ferramentas utilizadas para avaliar se o candidato tem ou não o perfil, conhecimento e experiências necessários para uma possível contratação na empresa, o objetivo desse jogo on-line não era substituir o real trabalho presencial da equipe de RH na escolha do candidato. Porém, serviu para uma imensa triagem, funcionando como um primeiro filtro dos candidatos, que iriam para uma segunda etapa no processo seletivo, a partir da quantidade de pontos e pelo tempo de realização do jogo.
O projeto foi um sucesso e aproveitado nos anos posteriores, com mudanças apenas na inclusão de novas perguntas ou atualização de perguntas que ficaram datadas, porém vale registrar que o sucesso também se deve às perguntas elaboradas com precisão pela nossa equipe de designer instrucional e a própria equipe de RH do cliente.
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