Brainstorm

Inovação = Custo X Prazo

Existe um padrão de feedback bem comum em determinados projetos de e-learning no qual, após entregar o projeto finalizado, algumas semanas depois, recebemos o seguinte comentário do cliente: “mostrei o curso para uns parceiros e todos disseram que o curso está legal e tal, mas poderia ter um pouco mais de movimento, umas interatividades, sabe? O que você acha?”.

A minha resposta vai no automático: “Sim! Verdade! Poderia… Tem razão!”.

Após a surpresa do cliente por eu concordar de imediato com seu comentário, sigo explicando: “Lembra do início do projeto, quando elaboramos a proposta inicial a partir do briefing que você nos apresentou? A ideia ali era completamente diferente! Porém, por conta da verba reduzida que você tinha disponível e do prazo curto de produção que você precisava para lançar o projeto, tivemos que readaptar a proposta para sua realidade. Tivemos que voltar à equipe e readequar a ideia. Nós avisamos para você na época, que o resultado a ser entregue seria exatamente proporcional ao valor que você pagou e no prazo que você definiu”.

Um projeto de e-learning pode ser entregue exatamente do jeito que o cliente quer, sem qualquer restrição ou limitação, porém existe uma relação direta entre ESFORÇO DE PRODUÇÃO X CUSTO X PRAZO.

Situação real: há uns anos atrás, recebemos a demanda para o desenvolvimento de um curso on-line para área de EaD do Governo de um determinado Estado nacional, na qual pediam o desenvolvimento de um curso on-line com o tema “Como fazer Licitações na Modalidade Pregão” e que tivesse o cenário e personagens animados em 3D.

A primeira ideia do próprio cliente era que o curso on-line fosse ambientado em uma sala de reuniões e os personagens estariam sentados ali, interagindo e ensinando os principais conceitos e ferramentas para licitações por meio de pregão. Quando começamos a rascunhar as ideias, o cliente pediu para alterar o cenário de sala de reuniões para o interior de uma nave espacial e os personagens vestidos como astronautas, pois queriam fazer uma analogia entre o tema do curso com algo moderno e futurista.

Ao mesmo tempo em que mudaram de ideia, pediram também para reduzir o valor do projeto, pois parte da verba da área havia sido cortada por conta do momento político delicado que aquele departamento vivia no governo da época. Porém, insistiram que mantivéssemos a ideia futurista e o 3D, apenas era para tentar simplificar.

Estávamos falando de animações e cenários em 3D! Complicado tentar simplificar algo que já estava iniciado. Alertamos o cliente sobre todos os riscos, mas sem sucesso! Era para fazer exatamente o que ele queria inicialmente, mas para tentar simplificar de acordo com a redução da verba.

Após muitas idas e voltas, o resultado ficou totalmente grotesco, porém feito exatamente como o cliente queria e insistido (e seguindo todas as suas etapas de validações de produção). Projeto entregue, pagamento recebido, mas foi um case que nem tivemos vontade de incluir no nosso portfólio. Foi totalmente engavetado e esquecido!

É preciso entender que existem projetos de diferentes níveis de complexidade, que podem custar de R$ 2.000 até R$ 50.000, da mesma maneira que existem projetos produzidos em uma semana e outros produzidos em até cinco meses. Não existe receita milagrosa! O prazo e verba disponíveis, refletirão diretamente no tamanho e know how da equipe que será alocada no projeto. Designer, animador, ilustrador, designer instrucional, editor de vídeo, infografista, programador, ilustrador 3D, realidade aumentada, locutor etc etc etc.

Se você pretende comprar uma nova televisão para sua casa, não pode exigir que, a que você pagou R$ 800, tenha as mesmas funcionalidades de uma que custa R$ 20.000 e que seja Smart TV LED 4K UHD 85” com X-tended Dynamic Range, X-motion Clarity, Triluminos etc.

Em momentos que o mercado está mais retraído, é comum receber projetos de e-learning que propomos algo bem legal e inovador, mas quando enviamos a proposta, o cliente, apesar de adorar a sugestão proposta, só dispõe de um terço do valor disponível para aquele projeto. Com isso, é preciso adaptar a proposta para se encaixar na realidade daquele cliente. Consequentemente, a ideia inicial dificilmente será o resultado entregue. Infelizmente!

Vendo do lado da produção, é bem frustrante, pois a equipe criativa adora pegar um projeto diferenciado e com liberdade total de criação, porque vão sair de uma rotina repetitiva de produção e poder criar algo totalmente novo.

Essa realidade também é ruim para o próprio cliente, pois recebe um projeto limitado e simples, para, no final, ter que ouvir de seus parceiros: “Podia estar melhor, não?”

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Alexandre Collart

Atuou em projetos para clientes como White Martins, SulAmerica, Autotrac, TV Globo, Petrobras BR, Bob’s, Mongeral Aegon, Módulo Security, Universidade Candido Mendes, Telelistas, Brasil Brokers, Prudential, Wilson’s Sons, Souza Cruz, Honda Motos, Icatu Seguros, Furnas, TIM, Laboratórios Abbott, Sebrae/RJ, Fiocruz, Claro, entre outras. Aprendendo a cada projeto entregue, a cada metodologia utilizada e a cada acompanhamento com os clientes, resultando nos textos para este Blog.

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