Outro dia tomei um café com um amigo de longa data, designer gráfico do mercado de e-learning, que também está nessa área desde sempre… Pegou todas as épocas de produção de cursos: flash, HTML puro, ferramentas de autoria etc etc etc.
Ele estava extremamente desmotivado, pois veio de uma época que o mercado era bem aquecido e era possível desenvolver projetos com o máximo de criatividade possível! Eram altos investimentos dos clientes, que possibilitavam a equipe decolar nas ideias… Navegações diferenciadas, animações caprichadas, 3D… Tudo! O único limitador que podia existir na época era o prazo, que muitas vezes era curto e não dava tempo para “viajar” muito. Mas mesmo assim era uma época muito criativa na elaboração dos projetos.
De uns dez anos para cá, as verbas das empresas clientes foram baixando cada vez mais e hoje o mercado de e-learning está pagando menos de um décimo do que pagava na década passada. Por conta disso, as empresas de e-learning precisaram se adaptar à nova realidade (já que antes ganhavam 100 e hoje ganham 10) e acabam caindo na ‘mesmice’. Todos os cursos com a mesma cara, a mesma interação, a mesma navegabilidade… Cada empresa apresentando um pequeno diferencial, tentando botar uma ‘bossa’ diferente no seu curso para tentar continuar competitivos. Mas tudo muito parecido!
Bom, tudo isso eu já falei em outros posts… O que quero falar aqui é o oposto, existem sim possibilidades diferentes! Existem sim clientes que ainda conseguem energia (R$) para fazer algo diferente e sair da mesmice.
Recentemente recebemos uma demanda do RH de um cliente para um curso on-line que, mais uma vez, ouvimos na hora da proposta: “queremos algo diferente!”. Trocamos umas figurinhas, alinhamos expectativas, entendemos como é a realidade e estrutura da empresa etc etc etc. Dessas idas e voltas, surgiu a ideia de dividir o conteúdo em duas partes… A primeira parte, mais conceitual, virou um curso on-line mais tradicional. Porém a segunda parte do conteúdo, mais estratégica, virou um jogo de tabuleiro físico.
Num primeiro momento, todos os funcionários da empresa iriam fazer o treinamento on-line, para depois todos se encontrarem na sala de aula, se dividir em grupos de quatro ou cinco e começar a jogar a partir do que foi aprendido no on-line. Equipe de criação adorou criar esse projeto. Parte pedagógica começou a pensar na dinâmica do jogo, objetivos, regras, funcionamento… Designers começaram a criar o layout do jogo com tabuleiro, peças, caixa, cards… Esse tipo de projeto deu um novo gás para equipe, que fez algo diferente do que estão fazendo no dia a dia.
Não é um projeto inovador, que usa inteligência artificial ou big data… Nada aqui é novo! Mas é um projeto diferente do que os funcionários já estavam acostumados e cansados de receber (tanto do fornecedor, quanto do cliente).
Conversando com esse cliente, percebemos um pensamento diferente… Sentimos algo diferente no ar! Eles falaram que a crise também chegou na realidade deles. Mas entenderam que o constante aprendizado do seu funcionário deve ser uma prioridade. Eles não estão esperando uma mudança no governo ou uma melhora na economia para fazer algo diferente. Afinal de contas, do que adianta esperar um futuro que a economia melhore e novos projetos apareçam para empresa, se seus funcionários não estão capacitados para atender esse novo? Todos nessa empresa estavam com um imenso senso de ENGAJAMENTO. A ordem deles é inversa. Essa é uma palavra que deveria estar na cabeça de todos: engajamento. Não só no mercado de e-learning. Mas em todos nós e em todos os aspectos da nossa vida!
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