Há uns anos atrás, quando eu gerenciava a equipe de produção para uma grande empresa produtora de e-learning, surgiu uma situação de um excelente programador web que estava conosco há anos, foi contratado como júnior e foi crescendo junto à empresa… Num determinado momento, percebemos que o programador estava errando muito nas suas tarefas e estourando prazos… Quando isso começou a interferir nas entregas, o meu diretor da época abriu as planilhas de custos dos projetos e já veio com o ultimato: “chama a atenção dele e, se nada mudar, demite!”.
Falei que ia conversar com o profissional, mas pedi para esperar um pouco e não tomar nenhuma decisão precipitada. Separei um dia que estava tudo mais tranquilo e o chamei para um café fora da empresa… Perguntei o que houve, se tinha algo errado, pois a produtividade dele estava péssima e todos estavam percebendo que algo não estava legal.
Para minha surpresa, o funcionário se emocionou na minha frente e comentou que estava com algumas questões familiares e estava bem triste… Falou isso, mas não quis entrar em detalhes. Respeitei e não insisti em saber o que era, apenas perguntei se ele precisava tirar um dia para resolver essas questões.
Ele se recompôs, agradeceu e disse que eu não tinha muito o que ajudar, mas que ficava feliz por eu ter me preocupado.
No dia seguinte dessa conversa, a produtividade do rapaz já começava a voltar ao normal!
Quando eu comentei com o meu gestor o que havia acontecido, a reação dele foi bastante indiferente, dizendo num tom irônico que eu era sensível demais, que eu teria que ter um certo distanciamento da equipe… “Gerente não pode ser amigo da equipe”, disse ele! Ouvi isso mesmo com a produtividade do profissional normalizando.
Bom, aqui existem os dois lados e o tal diretor não deixa de ter uma certa razão… O gerente de projetos realmente precisa ter um certo distanciamento e sair daquele ambiente de “fofoca na hora do café” que existe em todas as organizações. Isso porquê na hora que precisar chamar a atenção ou cobrar algum resultado de alguém da equipe, as relações podem ser confundidas e surgir algum constrangimento de ambas as partes.
Por outro lado, não podemos ser indiferentes a tudo e entender que todos estamos passíveis a situações além de nosso controle. Somos todos humanos e temos nossos momentos ruins que influenciam diretamente na nossa produtividade. Por conta disso, um líder precisa ter sensibilidade para entender o momento do profissional que está falhando. Palavra de ordem: empatia.
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